Traficantes ocupam 70% da lotação do Presídio Regional de Santo Ângelo

O crime de tráfico de drogas tem desencadeado execuções de membros de facções rivais em Santo Ângelo. Nos últimos meses, dois homens sofreram atentados de membros de facções criminosas, o que resultou em um assassinato.

De acordo com  o delegado regional da 13ª Delegacia de Polícia, Fernando Sodré, duas facções estão situadas no município, porém, são apenas operários do tráfico. “Temos duas facções aqui, que são Os Manos e os Bala Na Cara. Temos até um pouco mais dos Os Manos e menos de os Bala Na Cara. Não temos um grande líder aqui, todos os operadores são vinculados com líderes de fora. Nós temos um sujeito, que já foi preso, que andou por Santo Ângelo e Porto Alegre, e que era um dos mais influentes, com aproximadamente 30 anos. Mas não existe hoje, uma liderança forte na região”.

Segundo a diretora do Presídio Regional de Santo Ângelo, Maria Carolina Guites Jagielski, cerca de 70% dos 290 apenados são oriundos do crime de tráfico de drogas. “Não temos separação por facção e nem galeria. Sabemos que tem presos que são oriundos de facções, mas eles não se intitulam para não perderem espaço, todos convivem nos mesmos ambientes”.

De acordo com Sodré, existe um conflito entre as facções criminosas, que buscam estabelecer espaço de traficância, o que, por vezes, resulta em outros crimes, como o de homicídio. “Os homicídios que surgem são a partir de conflitos e brigas por espaço no tráfico. O grande trabalho que eles fazem é o tráfico de drogas, nenhuma dessas facções está estabelecida de forma poderosa, não há uma estrutura criminal fortíssima. Temos presos que se identificam com essas facções, até usam simbologias desses grupos, mas não estão à frente das facções, como gestores e organizadores. São mais operários do que chefes”. O delegado frisa que, por meio da Delegacia de Polícia busca-se um combate ao tráfico de drogas, objetivando a desarticulação dessas facções. “Cada vez que a gente dá um abalo neles, eles sentem e diminuem o tempo de tráfico”.

Na última semana, dois homens e uma mulher foram presos por roubo a dois estabelecimentos comerciais no município, ocorrido em junho. A Polícia Civil suspeita do envolvimento no tráfico, já que drogas foram apreendidas em uma das residências em que se encontravam os assaltantes. O delegado regional explicou que, no geral, é muito comum a utilização de outros crimes para se capitalizar, como roubos. “Aqui não temos casos disso, apenas dois suspeitos, sem confirmação de participação nas facções. Ainda não foram registrados crimes violentos nos quais as facções tenham envolvimento, a não ser este conflito por espaço”.

Fonte: Patrick Siede | Grupo Sepé