CPI dos Medicamentos Covid ouve representantes de hospitais de Cerro Largo e Tenente Portela

Na retomada das oitivas da CPI dos Medicamentos, após o recesso parlamentar, os deputados ouviram, na tarde desta segunda-feira (2), gestores de quatro hospitais de municípios do interior do estado: Arroio do Tigre, Bom Retiro do Sul, Cerro Largo e Tenente Portela. A reunião – a 16ª desde o início dos trabalhos, em março – foi conduzida pelo relator do órgão técnico, deputado Faisal Karam (PSDB).

O relato mais contundente veio da presidente da Associação Hospitalar Beneficente Santo Antônio, de Tenente Portela, Mirna Teresinha Kinsel Braucks, que descreveu as dificuldades enfrentadas pelo hospital, que atende aos moradores de 30 municípios da região, incluindo 7,5 mil índios caingangues. O período crítico, segundo ela, se deu de março a 15 de julho deste ano, quando registraram lotação diária dos leitos de UTI.

Assim como os demais gestores, ela apontou aumento exorbitante nos preços de alguns medicamentos, como o midazolam, que registrou acréscimo de até 611%. Diante da carência de medicamentos, o hospital chegou a importar dois deles, a polimixina e o rocurônio, ambos da Turquia. O valor teria sido menor do que o cobrado no Brasil, mas a operação gerou ansiedade pela necessidade de pagamento adiantado e pela expectativa da chegada dos medicamentos.

A presidente da Associação Beneficente do Hospital Santa Rosa de Lima, Vilma Teresinha da Silva Teloken, disse que houve contratempos, mas que conseguiram superá-los. Por não disporem de UTI, não chegaram a receber pacientes de outros municípios, nem registraram falta de leitos. Em relação aos preços dos produtos, confirmou ter havido aumento, dando como exemplo o midazolam (201%) e EPIs como luvas (360%).

A vice-diretora administrativa do Hospital de Caridade Sant Ana, de Bom Retiro do Sul, Tatiana Meirelles, contou que o período mais difícil ocorreu em março deste ano, quando tiveram pacientes entubados e o consumo de oxigênio disparou. Disse que tiveram risco de falta de medicamentos e chegaram a notificar o Ministério Público da situação, mas acabaram conseguindo medicamentos emprestados de outros hospitais, o que lhes permitiu manter os pacientes por mais algum tempo até conseguirem que fossem transferidos para estabelecimentos maiores. Ela relatou aumentos em medicamentos como o midazolam (de R$ 3,36 para R$ 61,90), o fentanil (de R$ 9,50 para R$ 24), o rocurônio e o atracúrio (de R$ 34,21 para R$ 110,00).

Também o diretor administrativo do Hospital de Caridade Serro Azul, de Cerro Largo, Ademir Ivo Zwirtes Hartmann, reportou aumento no preço dos medicamentos e insumos, assim como na demanda. Em todo ano de 2020, contou, houve um desembolso de R$ 470 mil em medicamentos, ao passo que, em 2021, o valor já era de R$ 346 mil somente no primeiro semestre.

Após interrogar cada um dos depoentes, o deputado Faisal Karam solicitou que enviassem à CPI documentação comprobatória dos aumentos verificados, a fim de subsidiar os parlamentares em seu trabalho. Também participaram da reunião o presidente da CPI, Dr. Thiago Duarte (DEM), o vice-presidente, Clair Kuhn (MDB), e os deputados Vilmar Zanchin (MDB), Franciane Bayer (PSB) e Luiz Marenco (PDT), além de representantes do Ministério Público e órgãos de saúde.

Fonte: Rádio Progresso e assessoria deputado Thiago Duarte