Eduardo Leite renuncia ao Governo do Estado

Após semanas de indefinição a respeito de seu futuro político, o governador Eduardo Leite anunciou nesta segunda-feira (28) que vai renunciar ao cargo. O comunicado da decisão foi feito em entrevista coletiva, no Palácio Piratini. 

— Vou renunciar ao poder para não renunciar à política — disse Leite em um vídeo apresentado antes do início da coletiva.

O governador também anunciou que vai permanecer filiado ao PSDB — ele estava avaliando a possibilidade de migrar para o PSD. O movimento permite que Leite esteja apto a concorrer a outros cargos nas eleições de outubro, inclusive a presidente da República. 

Com a renúncia de Leite, assume o comando do governo gaúcho o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, que acumula a função de secretário da Segurança Pública desde o início da gestão. Ranolfo é pré-candidato a governador pelo PSDB. O ato de renúncia, com a troca de comando, será formalizado nos próximos dias.

— Tenho absoluta confiança na condução do Ranolfo. Sempre esteve ao nosso lado para acompanhar cada uma das políticas públicas — disse Leite.

O governador classificou a eleição deste ano como “crítica” e fez referência a declarações do presidente Jair Bolsonaro no fim de semana sobre “ inimigos internos”:

— A solução para o nosso país que passou por um época difícil, com inflação, desemprego, crescimento tímido, não está em procurar culpados internamente, mas buscar em nosso potencial o que pode ser feito para superar esses desafios. Estou dando minha contribuição para que se consiga viabilizar um entendimento e apresentar uma alternativa aos brasileiros para que se possa, a partir de 2023, implementar as reformas que são necessárias. 

Leite afirmou que vai trabalhar pela união do centro democrático: 

— Não contem comigo para dispersar candidaturas. Não é sobre um projeto pessoal, é sobre o Brasil.

O governador disse que renunciar ao mandato abre uma série de possibilidades a respeito de seu futuro político, atendendo a determinação da legislação eleitoral, já que se permanecesse no cargo poderia concorrer somente a governador.

—  Telefonei para João Doria (governador de São Paulo) há pouco e conversamos. Respeito as prévias, elas aconteceram e são legítimas. Mas não é sobre as prévias, não é pessoal. 

Para o governador gaúcho, as prévias não perdem sua legitimidade, mas, “no tempo da política”, há possibilidade de discussões e que novas condições se colocam:

— Se lá na frente houver a convicção de que outro nome pode fazer mais, é legítimo que se discuta, com outros partidos. Minha convicção é de participar ativamente deste processo. As prévias aconteceram há quatro meses, naquele contexto político. É preciso que nos mantenhamos acima das prévias, acima dos partidos, acima das aspirações pessoais.

Entre os partidos citados por Leite, estão PSD, União Brasil, MDB e Cidadania. Sobre a sucessão no Rio Grande do Sul, disse que o PSDB liderou o projeto até o momento e “tem um grande nome para continuar liderando esse projeto, o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior”.

Compareceram ao anúncio os principais líderes do PSDB gaúcho, como os prefeitos Jorge Pozzobom (Santa Maria), Valdir Bonatto (Viamão), Fátima Daudt (Novo Hamburgo) e Paula Mascarenhas (Pelotas), além de deputados estaduais e federais.

Leite é o primeiro governador desde Pedro Simon (MDB), em 1990, renunciar ao cargo faltando meses para o final do mandato. Na ocasião, Simon afastou-se para concorrer ao Senado.

Fonte: ZH