Quadrilha que usou nome de delegado e aplicava golpe dos “nudes” é presa pela Polícia Civil de Santa Maria

A Polícia Civil de Santa Maria prendeu sete homens e uma mulher na manhã de terça-feira, durante o cumprimento de mandados. Ao todo, foram oito mandados de prisão e 27 de busca apreensão em Porto AlegreSão LeopoldoCachoeirinhaEldorado do SulSanta Cruz do SulPântano Grande Guaíba. As ações fazem parte da operação Delta, que investiga uma quadrilha que aplicava crimes de estelionatoextorsãofalsidade ideológica organização criminosa.

Golpe do Uber

De acordo com as investigações, no golpe do Uber, os criminosos criam um perfil falso no Facebook, tendo inclusive utilizado o nome e foto antiga do delegado Sandro Meinerz, para criar uma página na plataforma de compra e venda OLX. No golpe, o perfil falso entrava em contato com alguém que ofertava produtos, manifestando interesse na compra. Após, enviava um motorista de aplicativo até a casa do vendedor. Quando o motorista chegava em frente ao local combinado, o vendedor avisava o golpista, o qual simulava a realização do depósito pela compra, enviando comprovante falso de depósito para o vendedor. Acreditando ter recebido o valor, o vendedor entrega o produto ao suposto motorista.

Golpe dos nudes

Já no golpe dos nudes, uma mulher com um perfil falso no Facebook aparentando ser uma menor de idade, e adicionando fotos sensuais retiradas de perfis de terceiros. A suposta mulher, então, buscava adicionar pessoas do sexo masculino, preferencialmente casados e mais velhos, os quais acreditam estar falando com uma suposta menor de idade, pois os dados no perfil da rede social indicavam isso. Este é o ponto chave para que o golpe seja exitoso, pois os criminosos usam esse fato como argumento de intimidação, alegando que as vítimas teriam praticado pedofilia.

Na sequência da fraude, adicionada a pessoa na rede social da suposta mulher, ela passa a buscar conversar reservadamente com a vítima, até chegar ao ponto de trocarem imagens com nudez, usando o aplicativo WhatsApp ou similar a este. De posse destas imagens, a golpista para de falar com a pessoa, e um cúmplice inicia um diálogo com a pessoa se dizendo pai da suposta menor de idade, ou policial civil ou advogado.

Nesta etapa do golpe, os criminosos começam com as ameaças de divulgação dos diálogos e das imagens trocadas com uma suposta menor de idade, seja para familiares ou para a polícia, caso a vítima não pague o montante exigido. Para justificar a quantia exigida, buscando inserir a vítima ainda mais na história engendrada, o golpista diz que o suposto pai teve acesso ao celular da menor de idade, e quando teria visto as fotos e diálogos, teria quebrado vários móveis e eletrodomésticos ou, então, justificam o valor para fins de pagamento para auxilio psicológico para a menor.

Ousadia

As fotos de terceiros utilizadas neste golpe, porém, não são necessariamente de uma adolescente ou criança, tampouco a pessoa que manipula as conversas seria menor de idade, ressalta a investigação. O grupo criminoso usou dados de pessoa mortas, bebês e adolescentes para aplicar os crimes. A ousadia foi tamanha que também utilizaram dados de advogados, delegados, defensores públicos e até uma juíza.

A ação foi coordenada pelos delegados Sandro Meinerz e Marcelo Arigony, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Santa Maria, e contou com apoio de agentes de Santa MariaPantano GrandeSanta Cruz do Sul, além de 60 agentes do Departamento de Polícia MetropolitanaDelegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo1ª Delegacia de Polícia de Gravataí1ª e 2ª DP de CachoeirinhaDP de Eldorado do SulDP de Guaíba, e diversas outras delegacias da região metropolitana.

Durante o cumprimento das 35 ordens judiciais, os policiais apreenderam telefones celulares, documentos, computadores, cerca R$3,5 mil em dinheiro e uma arma de brinquedo na residência de um dos presos. O material vai servir para novas investigações, identificar outras vítimas e também outros suspeitos de envolvimento nos crimes.

Os presos foram levados às delegacias da Polícia Civil para os registros das ocorrências das prisões e depois encaminhados ao sistema carcerário, onde ficarão à disposição da Justiça.

Fonte: BEI